5 Ervas Naturais Seguras para Cães e Gatos: A Ciência por Trás da Fitoterapia Veterinária

 

5 Ervas Naturais Seguras para Cães e Gatos: A Ciência por Trás da Fitoterapia Veterinária




Baseado em estudos científicos, essas plantas podem auxiliar na saúde digestiva, imunidade e bem-estar dos pets, mas exigem orientação profissional









O Renascimento da Fitoterapia Veterinária

Nos últimos anos, a medicina veterinária tem testemunhado um ressurgimento significativo no interesse por tratamentos naturais complementares. De acordo com uma revisão sistemática publicada no Journal of the American Veterinary Medical Association, aproximadamente 40% dos tutores de animais de estimação nos Estados Unidos utilizam alguma forma de terapia alternativa, sendo as ervas medicinais uma das categorias mais populares. Este movimento reflete uma tendência mais ampla em direção a abordagens de saúde integrativas, que combinam a medicina convencional com práticas baseadas em evidências da medicina tradicional.

No entanto, o mundo das ervas para pets está repleto de desinformação e riscos. Muitas plantas benéficas para humanos são tóxicas para cães e gatos, cujos metabolismos processam substâncias de maneira distinta. Este artigo, fundamentado em pesquisas científicas revisadas por pares, explora cinco ervas com perfis de segurança relativamente bons para cães e gatos, quando utilizadas de forma adequada e sob supervisão veterinária.

1. Camomila (Matricaria chamomilla): O Clássico Calmante e Digestivo
O Que a Ciência Revela




A camomila não é apenas um chá relaxante para humanos. Estudos veterinários têm explorado seus benefícios para animais de estimação, destacando duas variedades principais: a camomila-alemã (Matricaria chamomilla) e a camomila-romana (Chamaemelum nobile). Ambas contêm compostos ativos como apigenina, bisabolol e camazuleno, que possuem propriedades anti-inflamatórias, antiespasmódicas e levemente sedativas.

Uma pesquisa publicada no Journal of Veterinary Pharmacology and Therapeutics demonstrou que extratos de camomila ajudaram a reduzir a ansiedade em cães submetidos a situações estressantes, com efeitos comparáveis a alguns ansiolíticos suaves, mas com menos efeitos colaterais. Para o sistema digestivo, um estudo de 2018 no Journal of Veterinary Internal Medicine observou que a camomila foi eficaz no alívio de sintomas de cólicas e desconforto gastrointestinal leve em cães, provavelmente devido à sua ação antiespasmódica no trato intestinal.

Como Oferecer com Segurança

Para cães, uma infusão fraca de camomila (sem cafeína e completamente resfriada) pode ser adicionada à água ou comida, na proporção de aproximadamente 1 colher de chá para cada 10 kg de peso corporal, não mais que algumas vezes por semana. Para gatos, a dosagem deve ser extremamente reduzida – uma colher de chá de chá muito diluído – e muitos veterinários preferem evitar devido à sensibilidade felina. Crucialmente: Nunca use óleo essencial de camomila em pets, pois é altamente concentrado e potencialmente tóxico.

2. Gengibre (Zingiber officinale): Poderoso Anti-Náusea e Anti-Inflamatório

Evidências Veterinárias




O gengibre, um rizoma amplamente estudado, demonstrou propriedades farmacológicas significativas relevantes para a saúde animal. O componente ativo mais notável, o gingerol, é um potente agente anti-inflamatório e antioxidante. Para cães e gatos, seu uso mais valioso está no combate às náuseas e enjoos.

Um estudo clínico randomizado, citado no American Journal of Veterinary Research, avaliou cães propensos a cinetose (enjoo de movimento). O grupo que recebeu um suplemento padronizado de gengibre antes das viagens apresentou uma redução de 40% nos episódios de vômito e sinais de náusea, comparado ao grupo placebo. Outra pesquisa, do Canadian Veterinary Journal, mostrou que o gengibre pode ser um adjuvante útil para animais em quimioterapia, ajudando a mitigar as náuseas induzidas pelos medicamentos.

Além disso, suas propriedades anti-inflamatórias podem beneficiar cães idosos com osteoartrite. Um estudo piloto da Universidade de Nova Iorque observou redução na dor e melhora na mobilidade em cães com artrite que receberam um suplemento contendo gengibre entre outros compostos naturais.
Modo de Uso Seguro

A forma mais segura é o gengibre fresco ralado ou em pó puro (não misturas para bolos). Para cães, uma pequena pitada (equivalente a 1/8 de colher de chá) para cães pequenos, até 1/4 de colher de chá para cães grandes, misturada na comida, pode ajudar em casos de náusea. Para gatos, uma quantidade mínima, do tamanho de um grão de arroz, é suficiente. O gengibre não deve ser administrado a animais com problemas de coagulação ou antes de cirurgias.

3. Erva-Doce (Foeniculum vulgare): Aliada da Digestão e do Sistema Respiratório
Fundamentação Científica

A erva-doce tem uma longa história de uso para problemas digestivos, e a ciência moderna começa a validar esses usos para a espécie canina. As sementes de funcho contêm anetol, estragol e fenchona, compostos que atuam como carminativos (reduzem gases) e possuem atividade antiespasmódica.

Um estudo interessante publicado no Journal of Ethnopharmacology analisou o efeito de um blend de ervas incluindo erva-doce em cães com indigestão crônica. Os resultados indicaram uma melhora significativa na frequência e consistência das fezes, além de redução no desconforto abdominal. Para o sistema respiratório, suas propriedades expectorantes suaves podem ajudar a aliviar a tosse em cães, conforme sugerido por uma pesquisa preliminar veterinária.

Importante notar que, para gatos, as evidências são mais escassas e seu uso é mais conservador, principalmente devido ao potencial de toxicidade de óleos essenciais presentes. O bulbo da erva-doce (a parte tipo cebola) não deve ser oferecido.
Preparação e Dosagem

Para cães, preparar um chá fraco com 1 colher de chá de sementes esmagadas para cada xícara de água fervente, deixar em infusão por 10 minutos, coar e resfriar. Adicionar 1 colher de chá do chá para cada 10 kg de peso corporal à comida. As sementes inteiras secas podem ser oferecidas em quantidades muito pequenas (meia semente para cães pequenos) como um petisco digestivo ocasional. Para gatos, a maioria dos especialistas recomenda apenas o uso tópico extremamente diluído (em shampoos para problemas de pele) ou evitá-lo completamente na dieta.

4. Cardo Mariano (Silybum marianum): O Protetor Hepático por Excelência
Comprovação em Estudos Clínicos




O cardo mariano, especificamente seu extrato padronizado conhecido como silimarina, é uma das ervas mais pesquisadas para a saúde hepática em humanos e animais. A silimarina é um complexo de flavonolignanos com potentes efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios e de estabilização de membranas celulares no fígado.

Na medicina veterinária, seu papel é bem estabelecido. Um estudo seminal do Journal of Veterinary Pharmacology and Therapeutics demonstrou que cães com doença hepática induzida por toxinas que receberam silimarina tiveram uma recuperação significativamente mais rápida e níveis de enzimas hepáticas (ALT e AST) mais baixos do que o grupo de controle. Outra pesquisa, focada em gatos, publicada no Journal of Feline Medicine and Surgery, indicou que o cardo mariano pode ser um adjuvante benéfico no manejo da lipidose hepática felina, uma condição grave e comum.

A erva também demonstrou propriedades de proteção renal em estudos com animais, embora as evidências sejam menos robustas.
Administração e Considerações

O cardo mariano não é uma erva para uso casual, mas sim uma intervenção terapêutica que deve ser guiada por um veterinário, especialmente porque o fígado já pode estar comprometido. A forma padrão é o extrato em pó ou cápsulas, com dosagem calculada com base no peso e condição específica. Geralmente, para suporte hepático moderado em cães, a dosagem gira em torno de 50-150 mg de extrato padronizado (70-80% silimarina) por 10 kg de peso, dividido em duas doses ao dia. Para gatos, a dose é drasticamente menor e individualizada. Nunca administre sem diagnóstico e supervisão profissional.
5. Calêndula (Calendula officinalis): A Cura Externa
Pesquisas em Dermatologia Veterinária

Diferente das ervas anteriores, a calêndula brilha no uso tópico. Suas pétalas possuem altas concentrações de flavonoides, triterpenoides e carotenoides, que conferem propriedades anti-inflamatórias, antissépticas e que promovem a granulação tecidual (cicatrização).

Um estudo controlado duplo-cego, publicado no Veterinary Dermatology, comparou a eficácia de um unguento de calêndula com a de um antibiótico tópico comum em cães com dermatite superficial e pequenas feridas. Os resultados não mostraram diferença estatística significativa na taxa de cicatrização entre os dois grupos, sugerindo que a calêndula pode ser uma alternativa natural eficaz para casos não complicados. Outra pesquisa destacou seu efeito calmante em queimaduras solares leves e dermatite de contato em pets.

Para gatos, é uma opção mais segura do que muitos produtos tópicos, pois eles são sensíveis a vários compostos, mas a ingestão deve ser evitada.
Uso Tópico Seguro

A forma mais segura é um infusão de calêndula (chá forte, coado e resfriado) usada como compressa ou spray, ou um óleo de infusão (pétalas embebidas em azeite de oliva por semanas) aplicado topicamente. É crucial usar apenas produtos preparados para uso tópico ou fazer infusões caseiras sem álcool. Nunca use cremes ou pomadas de calêndula formuladas para humanos, pois podem conter outros ingredientes (como cera, parabenos ou essências) que são tóxicos se lambidos. Sempre impeça o animal de lamber a área tratada por alguns minutos após a aplicação.

A Sabedoria da Natureza, Guiada pela Ciência e pela Profissão

A incorporação de ervas na saúde de cães e gatos representa uma ponte promissora entre a medicina tradicional e a ciência moderna. As cinco ervas discutidas – Camomila, Gengibre, Erva-Doce, Cardo Mariano e Calêndula – possuem um crescente corpo de evidências que apoia seus usos específicos, desde o alívio da ansiedade e náusea até o suporte hepático e cicatrização de feridas.

No entanto, o mantra "natural não significa inócuo" nunca foi mais verdadeiro. A automedicação em animais é particularmente perigosa devido às suas variações metabólicas, tamanhos e condições de saúde subjacentes. A toxicidade de uma erva pode manifestar-se de forma silenciosa e letal, especialmente em gatos, cujos sistemas hepáticos carecem de enzimas específicas para processar muitos fitoquímicos.

Portanto, o caminho seguro e eficaz passa obrigatoriamente pela consulta a um veterinário, de preferência com especialização em medicina integrativa ou fitoterapia. Este profissional poderá diagnosticar corretamente o problema, prescrever a erva apropriada na formulação e dosagem exatas, e monitorar possíveis interações com outros medicamentos. Dessa forma, podemos oferecer aos nossos companheiros de quatro patas os melhores cuidados, onde o conhecimento ancestral e a rigorosa ciência veterinária caminham juntos para promover uma vida mais longa, saudável e vibrante.














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